O pé plano flexível é um dos maiores motivos pelos quais os pais levam as crianças aos consultórios ortopédicos, queixando-se que o pé do infante é “torto para dentro”. É importante ressaltar que ao nascer, a criança ainda não possui o arco plantar desenvolvido (aquela curvinha na parte interna do pé), pois nessa região geralmente existe gordura deixando o pé totalmente plano. A figura 1 mostra pé com arco plantar normal, pé plano e pé cavo.

Figura 1- Pé com arco plantar normal, pé plano e pé cavo
O arco plantar inicia sua formação por volta dos dois anos de idade de forma espontânea, independente do uso de palmilhas, calçados especiais ou andar descalçada. Para o seu surgimento é necessário que as articulações do pé estejam bem alinhadas, os músculos e tendões que atuam nos pés estejam funcionantes e que, os ligamentos que unem as articulações estejam com seu tensionamento normal.
Este desenvolvimento pode ocorrer até os sete anos de idade. A figura 2 mostra a imagem de um pé plano (A) e pé com arco formado (B).

Etiologias (causas):
- Idiopático (sem causa definida, maioria dos casos com história familiar positiva)
- Frouxidão ligamentar generalizada (idiopática ou decorrentes de quadros clínicos presentes em síndromes como por exemplo na Síndrome de Down)
- Desequilíbrio muscular do pé e tornozelo
- Sequela de pé torto congênito (PTC)
Quadro clínico
- Presença de deformidade (criança pisa “torto “ou pisa com a frente do pé para fora)
- Na maioria das vezes não há dor, ou quando há é vaga, mal definida e melhora sem uso de analgésicos (os pais relacionam com o brincar ou atividades físicas)
- Queixa de desgaste na parte interna dos sapatos
- Calosidades, ulcerações
Diagnóstico
Feito através de avaliação clínica e exames complementares de imagem, como a radiografia. Em alguns casos, se necessário, tomografia computadorizada e ressonância magnética dos pés.
Diagnóstico Diferencial
O pé plano pode apresentar união óssea, fibrosa ou cartilaginosa entre as articulações denominadas barras ósseas (pé plano rígido), conforme imagem a seguir:
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Tratamento
Pode ser conservador ou cirúrgico:
Tratamento conservador: palmilhas com modelagem do arco medial plantar, fisioterapia para alongamento da musculatura da panturrilha, modificações nos calçados. Tais medidas não corrigem a deformidade apenas auxiliam na diminuição da dor.
Tratamento cirúrgico: é realizado quando o tratamento conservador falha. São utilizadas técnicas cirúrgicas que permitem corrigir a deformidade, restaurar a função e promover analgesia. Esses procedimentos visam melhorar a distribuição do peso corporal na sola dos pés, acabando com a dor, calosidades e desgaste excessivo nos calçados.
Cada caso deve ser avaliado individualmente para que o melhor tratamento seja indicado.
Orientações Gerais
Por ser frequente, é necessário tratamento adequado, para que o paciente tenha melhoria em sua qualidade de vida.
Vale a pena lembrar que botas ortopédicas – muito utilizadas no passado – tiveram sua ineficácia cientificamente comprovada e por este motivo não são mais utilizadas como tratamento.
Sendo assim, em caso de dor, desgaste na parte interna do sapato e ou quaisquer dúvidas procure um ortopedista pediátrico.