Doença de Legg Calvé Perthes
A doença de Legg-Calvé-Perthes (DLCP) é uma afecção autolimitada sem causa conhecida, resultante da interrupção do suprimento sanguíneo para cabeça femoral (epífise femoral proximal) e que gera uma área de necrose óssea (parte do osso morre).
O osso morto não suporta o peso do corpo e se achata. Após mais ou menos um ano, a circulação volta espontaneamente e o osso necrótico é substituído por osso novo formando uma nova cabeça do fêmur. O problema é que se a cabeça do fêmur se deformou, vai formar uma nova cabeça também deformada e, no futuro poderá haver desgaste do quadril.
Acomete mais meninos com idade entre 4 e 8 anos, podendo ocorrer bilateralmente.
Etiologias (causas):
A causa é desconhecida, porém possui múltiplas teorias: mutação da cadeia alfa 1 do colágeno tipo II, microtrauma, suscetibilidade da criança, coagulopatias, doença do colágeno tipo II, displasias esqueléticas, erros inatos do metabolismo (mucopolissacaridose e doença de Gaucher), fumo passivo, endocrinopatias ou sequelas de sinovites.
Quadro clínico
- Dor no quadril (pode se estender para o joelho ou nadegas)
- Claudicação (a criança manca)
- Diminuição do movimento (principalmente rotação interna e abdução)
- Hipotrofia da musculatura da coxa e da nádega do lado acometido
Diagnóstico
É feito por suspeita clínica (história clínica) e confirmada por exame ortopédico e exames complementares de imagem (vide figura abaixo).

Ortopedia pediátrica de Lovell e Winter. 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2005. 2 v.
A história relatada é que criança apresenta episódios em que manca decorrente de dor no quadril e geralmente melhora ao repouso ou com uso de analgésicos.
Os pais frequentemente associam a dor com algum episódio de queda, trauma direto ou atividades esportivas, porém é sabido que não há relação com a doença.
Tratamento
O tratamento é controverso, porém após o diagnóstico é de extrema importância informar aos pais que não há tratamento medicamento para esta afecção.
Historicamente, as formas de tratamento mais utilizadas envolviam a fisioterapia, eliminação da carga, uso de várias modalidades de órteses ou aparelhos gessados em abdução.
Atualmente, na fase inicial da doença, sem limitação da abdução e rotação interna, sem sinais radiológicos de subluxação são preconizados observação, restrição da atividade física (corrida, saltos ou qualquer outro tipo de impacto).
O ideal é tratar a criança antes da cabeça do fêmur achatar, quando afeta mais que 50% há grande possibilidade de deformação, se não houver tratamento.
No tratamento cirúrgico, são realizadas cirurgias chamadas osteotomias que mudam o ângulo do fêmur ou a orientação do acetábulo (cavidade da bacia que serve de encaixe à cabeça do fêmur).
Orientações Gerais
Essa doença não dá muitos sintomas e, muitas vezes, o diagnóstico é feito tardiamente, quando há pouco o que se fazer.
Em caso de dúvidas procure um ortopedista pediátrico para avaliação, diagnóstico e tratamento adequados.